Eu pensei isso hoje #3
Sobre ser você mesma num mundo que aplaude cópias
Essa sexta-feira é feriado no Brasil. Pra algumas pessoas, significa pausa. Pra outras, silêncio. Pra muitas, só mais um dia no calendário que desacelera. Mas mesmo sem ritual específico, feriado sempre convida a gente a olhar pra dentro com um pouco mais de calma. E foi nesse ritmo que uma pergunta ficou comigo nos últimos dias: quantas pessoas ainda estão sendo, de fato, elas mesmas?
Não tô falando da versão que postamos, da imagem que entregamos ou do personagem profissional que a gente veste quando precisa performar segurança. Tô falando da versão mais funda. Aquela que a gente reconhece no silêncio, nas escolhas espontâneas, no que pulsa quando ninguém tá olhando.
Eu comecei a perceber quantas pessoas estão tentando parecer com outras. No jeito de falar, na forma de se vestir, nas escolhas de carreira. Às vezes nas ideias, nos rituais, nos gestos pequenos. E como isso tudo vai acontecendo aos poucos, quase sem intenção. Quase sempre com admiração.
E aí fiquei pensando: será que a gente está se inspirando ou se apagando?
Não é uma crítica. É uma pergunta honesta — e que talvez valha pra mim também. A linha entre referência e imitação é mais fina do que a gente imagina. E num mundo que valoriza o que já deu certo, eu entendo por que tanta gente tenta replicar modelos. Modelos de sucesso, de autoridade, de “pessoa que chegou lá”.
Tem algo nisso que parece funcionar. Mas eu fico pensando no que a gente perde quando o que funciona se torna o único jeito possível de existir.
Aos poucos, sem perceber, o espaço da diferença vai diminuindo. As vozes vão ficando parecidas. As ideias também. E o mercado começa a parecer uma grande repetição com filtros diferentes.
Talvez isso tenha me atravessado com mais força porque eu já notei traços meus se repetindo em outras pessoas. No começo, achei bonito. Parecia sinal de que meu trabalho estava chegando. Mas depois de um tempo, o que parecia homenagem começou a soar como desconexão. E aí veio a pergunta: será que estamos tão inseguros em ser quem somos, que copiamos até sem querer?
Você já sentiu que estava se moldando demais? Que estava tentando pertencer tanto, que esqueceu de quem você era antes disso?
E o que será que o mundo está deixando de escutar — porque estamos todos ocupados demais tentando parecer com quem já foi ouvido?
Eu pensei isso hoje. E não sei bem a resposta.
Mas talvez a coragem agora esteja em fazer o oposto do que esperam.
Falar com sua própria voz. Inventar o que ainda não viralizou. Ser o que ainda não existe — mesmo que em silêncio.
Com carinho,
Amanda ☕
(aprendendo a sustentar minha própria voz todos os dias)
Se essa pausa fez sentido pra você, talvez as conversas abaixo também façam:
→ Eu pensei isso hoje #1
→ [Antes do café] O que aprendi com a Oprah
E se quiser, me escreve. Me conta o que tem atravessado você também.
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