Por que a gente romantiza o caos?
Reflexões sobre a cultura da produtividade e seus impactos no bem-estar.
Em um mundo onde estar ocupado é frequentemente visto como sinônimo de sucesso, é fácil cair na armadilha de glorificar a correria diária. Mas será que essa busca incessante por produtividade está nos levando ao equilíbrio ou ao esgotamento? Nesta edição, convido você a refletir sobre como a romantização do caos afeta nossa saúde mental e qualidade de vida.
☕ Gole de Reflexão
Você já percebeu que com frequência a resposta para a pergunta "como você está?", é um automática: "na correria". Como se isso fosse um estado natural, até desejável. Como se dizer que estamos tranquilos fosse um sinal de que algo está errado.
A gente romantiza o caos. Chama de produtividade. Chama de ambição. Chama de agenda cheia, vida em movimento. Mas, às vezes, é só exaustão disfarçada. É medo de parar. É medo de se escutar.
E o mais curioso é que essa romantização não é só individual. É social. Valorizamos quem aguenta tudo, quem está sempre ligado, quem não "perde tempo". Mas ninguém ensina a valorizar quem consegue descansar — e sustentar o silêncio.
Viver nesse estado de urgência virou quase um passaporte para ser levado a sério. E o preço disso é alto: relações superficiais, corpos adoecidos, mentes fragmentadas.
Recentemente, li sobre a NR-1 — uma norma que entrará em vigor em maio de 2025 e exige que empresas reconheçam e lidem com riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Isso inclui estresse crônico, burnout, ansiedade por metas inalcançáveis. É um passo importante. Mas talvez o maior passo seja cada um de nós olhar para a própria rotina e perguntar:
Por que continuo me orgulhando de estar sempre cansado?
E o que preciso incluir na minha rotina para, finalmente, aprender a descansar?
📚 Café com Letras
Livro: A Sociedade do Cansaço – Byung-Chul Han
Trecho:
"O sujeito de desempenho se acha livre, mas na verdade é um servo: explora a si mesmo até a exaustão."
Este livro é quase um espelho incômodo. Han fala sobre como, na sociedade contemporânea, não precisamos mais de um chefe gritando conosco. Nós mesmos nos tornamos o chefe — e o funcionário explorado. Ele argumenta que vivemos em um tempo em que o excesso de positividade virou um sistema de dominação. "Basta querer que você consegue", dizem. Mas e se o que a gente quiser for parar — e isso for, justamente, o mais revolucionário?
🗞️ Espresso de Notícias
Empresas brasileiras deverão avaliar riscos psicossociais a partir de maio de 2025
A partir de 26 de maio de 2025, as empresas brasileiras terão que incluir a avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). A exigência é fruto da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em agosto de 2024. Leia mais
Síndrome de burnout afeta 30% dos trabalhadores brasileiros
De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de burnout, uma doença ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022. Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo. Leia mais
OMS inclui burnout na lista de doenças ocupacionais
A partir de janeiro de 2022, o burnout está incluído na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11). A Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializou o burnout como síndrome ocupacional crônica, já que é um fenômeno ligado ao trabalho. Leia mais
Uso excessivo de redes sociais impacta negativamente a saúde mental dos jovens
Pesquisas apontam que a hiperconexão está associada a transtornos como ansiedade e depressão entre os jovens brasileiros. O tempo gasto nas redes sociais, quando exagerado, pode causar intoxicação social, com desestímulos, sensações de exclusão e desânimo com a própria vida, evidenciados pelo excesso de comparações e falta de experiências reais. Leia mais
🗞️ Espresso de Notícias
A partir de 26 de maio de 2025, as empresas no Brasil serão obrigadas a incluir a avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Essa exigência decorre da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego em agosto de 2024. A mudança enfatiza a necessidade de identificar e gerenciar fatores como estresse, assédio e carga mental excessiva, visando à proteção da saúde mental dos trabalhadores.
Uma pesquisa realizada pela WTW em fevereiro de 2025 revelou que 23% dos trabalhadores entrevistados relataram níveis elevados de estresse relacionados ao trabalho. O estudo também apontou que mulheres, pessoas do grupo LGBTQIAP+ e trabalhadores envolvidos em produção ou atividades manuais estão entre os mais vulneráveis ao esgotamento profissional.
O fenômeno conhecido como "quiet quitting", que consiste em realizar apenas as tarefas estritamente necessárias no trabalho, sem engajamento adicional, já é uma realidade para 11,9% dos profissionais brasileiros. Segundo pesquisa da EDC Group divulgada em fevereiro de 2023, essa prática é mais comum entre homens (67%), assistentes ou analistas (54%), com um terço dos adeptos na faixa etária de 25 a 34 anos.
Desde janeiro de 2025, a síndrome de burnout foi oficialmente reconhecida como uma doença ocupacional no Brasil, conforme classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa condição é caracterizada por sintomas como esgotamento extremo, estresse e esgotamento físico, resultantes de situações de trabalho desgastantes.
🎧 Torradas de Inspiração
Podcast: Tudo Odara é com uma reflexão importante!
Eu sempre falo “Se tem placa tem história!” neste episódio curtinho, Rita discute o porquê fazemos várias coisas na vida que sabemos que podem ser ruins, a vida manda vários avisos e as vezes insistimos.
Filme: Depois a Louca Sou Eu
A trama acompanha Dani, uma jovem escritora talentosa que, desde a infância, lida com crises de ansiedade e ataques de pânico. A narrativa explora sua jornada em busca de equilíbrio emocional, enquanto enfrenta desafios profissionais e pessoais, incluindo a relação com sua mãe superprotetora.
Frase:
"A pressa é inimiga da alma." — Mia Couto
Talvez o problema não seja a velocidade, mas o que ela atropela no caminho. O que você tem deixado para trás?
🍯 Adoçando a Rotina
No cenário em que a gente não romantiza o caos, o que fazemos?
E se o caos não for medalha?
A gente aprende a criar agendas com espaço de respiro.
Aprende a dizer “estou tranquila” sem pedir desculpas.
Cuida dos outros sem se apagar.
Reaprende a estar junto sem fazer nada.
Troca produtividade por presença — nem que seja por um momento por dia.
E você? Quais são as práticas que utiliza para encontrar equilíbrio em meio à correria diária?
Compartilhe suas experiências respondendo a este e-mail ou encaminhando para alguém que também está buscando maneiras de equilibrar a rotina.
A Antes do Café é essa pausa semanal que te lembra que viver no piloto automático não é sinal de sucesso.
Aqui, a gente fala de tecnologia, futuro, rotina e tudo o que pulsa dentro — pra além da performance.
O que já passou por aqui:
→ O ano começa depois do Carnaval?
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